Capítulo 25:

 - Como vamos saber se ela está mesmo grávida?

- Existem testes para isso. Claro que o de farmácia não é o mais preciso, mas muitas vezes é o que as mulheres fazem na hora do desespero, como esse.

- Mamãe me disse uma vez que só de você bater o olho já sabe. - disse Júlia.

- É, mas uma coisa instintiva. Eu não conheci essa Heloisa, eu não vou saber dizer. Eu não poderia levar a menina para fazer um teste no laboratório, eu não sou mãe dela. Ela tinha que conversar com a mãe dela, é esse o certo.

- Ah, mãe dela é uma cobra. Mal deixa a gente ver a Heloísa. Hoje mesmo, não deixou a Helô vir, pois ela teria que almoçar em casa. Ela só vem depois do almoço, porque disse que ia fazer aula de violão. Ela teria aula de violão, mas... Hoje é feriado.

- Então, complica!  Meninas, eu vou ajudar vocês e ela, mas tem uma condição! – Demi disse alto. – Ou melhor duas condições!

- Qual? Aceitamos! – disse Carol.

- Primeiro, o Lucas tem que saber o que a garota está passando, não é justo ela sofrer sozinha. Ele tem que ficar apavorado também e também tem que ouvir umas coisas que eu tenho a falar com ele. E a segunda, nesse final de semana vamos ter uma conversa sobre sexo.

- Tá falando sério? – Anna, a mais nova da turma, corou.

- Estou falando muito sério. – Demi disse firme.

Quando Heloísa chegou à casa de Demi, ela esperou que a menina desabafasse todo o seu desespero, antes de dar uma bronca nela.

- Meus pais vão me matar quando souberem o que eu fiz! – a menina disse por fim.

- Heloísa, quando foi que você e Lucas se envolveram? Você estava no seu período fértil, meu bem? – Demi perguntou compreensiva, mas a menina parecia não saber muito do que Demi estava falando.

- Não sei. – ela disse sincera e corando.

 – Sua mãe nunca te ensinou sobre isso? – a menina Heloísa balançou a cabeça em negativo. – Geralmente o período fértil é no décimo quarto dia começando a contar no seu primeiro dia do ciclo menstrual. – Demi pegou um calendário de dentro da gaveta para explicar melhor. Realmente a data encaixava, mas ainda tinham esperanças. – Vocês usaram camisinha?

- Sim.

- Há alguma possibilidade de ela ter furado?

- Eu não sei, Lucas não me disse nada.

- Sua menstruação está atrasada há quanto tempo?

- Uma semana e dois dias. Nunca atrasou é a primeira vez.

- Você sabe que tudo indica que você pode estar grávida, mas Lucas precisa saber antes da gente tirar essa história a limpo. Liga para ele e peça que ele venha aqui. – Demi entregou o telefone. – Vocês estão namorando mesmo?

- Sim, mas não contamos nada a ninguém porque meu pai não aceitaria que eu namorasse.

- Se ele não aceitaria um namorado o que dirá um neto. – disse Anna, sem perceber o que falava ganhando olhares reprovadores de Demi e suas amigas.

Heloísa se afastou um pouco no telefone e depois voltou a sentar onde sentou quando conversava com Demi.

- Ele ficou um pouco confuso, mas já vem.

As meninas ficaram conversando, enquanto a cabeça de Demi dava voltas e voltas no que estava acontecendo naquele momento e antes disso. Sobre Joe e Wilmer. Óbvio era completamente apaixonada por Joe, mas ainda sentia algo por Wilmer e não era algo superficial, era uma coisa profunda. Talvez um sentimento muito forte. Sentiria a falta dele, mas jamais voltaria para ele como se nada tivesse acontecido.

- O que foi, tia Demi? – Carol perguntou quando viu Demi totalmente aérea.

- Nada, meu anjo, eu só estava pensando nessa confusão toda. – Demi pegou a bolsa que estava sob a bancada – Meninas, eu vou à farmácia e já volto.

- Demi, - Heloisa chamou. – obrigada pelo o que você está fazendo por mim. – a abraçou. Demi retribuiu, mesmo sem conhecê-la muito bem.

- De nada, Heloísa. – beijou o topo da cabeça da menina – Quando o Lucas chegar, você conversa com ele direitinho. -  E saiu.

A garota Heloísa não tinha contato íntimo com os pais ou até mesmo alguém mais velho, por isso a menina gostou tanto de Demi e era confusa daquela maneira. Não tinha ideia do que fazia quando teve Lucas como um amante e por isso resultou todo esse desespero.

Demi entrou no carro e parou na primeira farmácia que achou. Entrou, comprou alguns testes de gravidez.

 A moça – muito abusada- do caixa.- Esses testes nunca são confiáveis.

- Eu sei disso... – E Demi sabia, mas primeiro tentaria o teste de farmácia, mas já tinha em mente o que faria no dia seguinte. Levaria a Heloisa para um laboratório ou algum consultório e pagaria o exame da garota como sua responsável.

Entrou no carro, mas não conseguiu virar a chave na ignição e voltar para casa. Não podia perder o controle na frente de cinco adolescentes que estavam a beira de um ataque justo por não saberem com o que estavam lidando. Teria que se acalmar, mesmo sabendo que o que ela estava fazendo não era certo nem de longe. Os pais na menina tinham que saber e o Joe, principalmente, ou arranjaria uma briga feia. Quer dizer, mais feia do que a de hoje cedo.

Fez o que sua consciência mandou, ligou para o Joe, mas... o seu coração estava no comando quando Joe atendeu.

- Oi Demi! – Joe atendeu ao telefone esperançoso. – Me desculpa. Eu estou tentando... Tomar coragem e ir entrar na sua casa, mas... Eu não consigo, você disse para eu não ir. Na verdade, eu trouxe o Lucas aqui na sua casa. Eu quero e preciso conversar com você, Demi. Eu não posso te perder, não posso perder sua amizade. Você é muito importante para mim.

- Joe, eu não estou em casa. Eu vim comprar umas coisas na farmácia, mas a gente precisa conversar mesmo. Não entrada na minha casa, não agora. Me espere aí e eu já chego. – Demi desligou sem ouvir nada do outro lado.

Deu a partida e correu, não demorou cinco minutos para chegar, saiu do carro e Joe fez o mesmo. Mais uma vez, ele tomou a iniciativa de falar.

- Me desculpe, Demi. Eu juro que não queria ter falado aquilo, eu... Não sabia o que estava falando de verdade. Eu fiquei muito magoado porque eu não queria que pensasse que eu estava usando você, porque eu não estava usando. Eu juro que não. Eu gosto de estar com você, gosto de ter você perto de mim e por alguma razão eu amo dormir com você, Demi. Eu não uso você.  Eu sei que você não é nenhuma qualquer, você é minha amiga. Minha melhor amiga. – quando Joe terminou, Demi correu e o abraçou.