Na
casa de Joe, Caroline estava entre o desespero e o arrependimento. O que ela
deveria fazer agora? Era culpa dela Demi ter visto Wilmer, mas ela parecia tão tranquila, pensava Carol.
Talvez
ela nem ligasse para traição, ou talvez não gostasse de Wilmer e por isso não
ligou. Será que eles já conversaram? Será que Demi estava bem? Ela se fazia
milhares de perguntas e não conseguia pensar em nenhuma resposta que não fosse
um “talvez”.
-
O que aconteceu Caroline? – perguntou o pai da garota vendo seu nervosismo
desde a hora que ele chegou.
-
Demi vem jantar aqui? – perguntou a menina esperançosa.
-
Bom, no almoço ela disse que viria, mas depois ela disse que ia me ligar. Eu
não sei, meu anjo. Por acaso quer conversar com ela?
-
Não, não é isso. É que... – Será que devia contar ao pai? Ou Demi ficaria
magoado por ter contado um segredo. Ela não pediu segredo, mas o certo era não
contar ou seria fofoca. – Esquece, pai!
-
Querida, eu sei que sou homem e seu pai e por isso é difícil para você me
contar as coisas, mas você pode confiar em mim.
-
Eu sei que eu posso, pai.- a menina respirou fundo sussurrando um “Espero que
Demi me perdoe!” e depois perguntou. - Você e Demi voltaram a ser amigos?
-
Tudo indica que sim.
-
Então, se eu te contasse uma coisa dela, tipo um segredo, ela iria ficar
zangada.
-
Depende, meu bem.
-
Bom, como posso explicar... Papai, eu estou preocupado com ela. Lembra-se da
conversa que você Lucas e eu tivemos?
-
Claro que lembro, sobre o namorado dela e traição.
-
É... Você disse que ela só acreditaria se visse com os próprios olhos. Bom,
isso aconteceu. Hoje no almoço quando Demi eu fomos ao banheiro, ela viu Wilmer
aos beijos com uma mulher loira.
-
O que ela fez? Por que ela não disse nada?
-
É isso que me deixa preocupada, papai. De alguma forma, eu sei o que ela está
mal, mas ela não mostrou isso nem no momento que ela viu. Isso me preocupa! Eu
não sei se ela se fez de boba, ou se ela queria ser forte na minha frente...
Estou preocupada com ela.
-
Por isso, que ela saiu mais cedo hoje.- Joe parecia juntar algumas peças. – E
provavelmente, não vem ao jantar, Carol. – Joe pareceu lembrar de algo e depois
praguejou.- De novo!
-
O que foi, papai?
-
Carol, será que você e seu irmão podem ficar sozinhos um tempo?
-
Se for para ir atrás da tia Demi e me dar notícia, podemos. Mas se for para ir
atrás daquela va... Daquela sua namorada, não podemos.
-
Ashley e eu terminamos ontem.
-
Sério? – perguntou a menina contente. – Juro que foi a melhor coisa que você
fez. – Caroline olhou para seu pai. – O que está fazendo aí parado? Vá logo
atrás da tia Demi, veja se ela está bem e me dê noticias. – Joe riu.
-
Olha, tem comida pronta na geladeira e só colocar no micro-ondas. Não mecham no
fogo, ouviu?
-
Tá achando que eu tenho dez anos?
-
Não, mas é melhor prevenir. - Joe saiu.
Demi
estava no seu quarto andando de um lado para o outro, não chorava mais, mas
estava muito abatida. Sentia falta de uma coisa que ela sabia muito bem o que
era: seu companheiro de todos os momentos tristes: o vinho.
Já
havia parado de bebê-lo há muito tempo, quando percebeu que estava ficando
dependente dele, mas naquele momento era o que ela precisava. Dele ou talvez de
uma bebida mais forte. Ninguém se importaria, alias ninguém se importa com o
que ela faz da vida dela. Precisava mesmo era de sua mãe naquele momento.
Tirou
aquela blusa folgada e colocou uma mais apropriada para ir ao mercado de seu
bairro. Colocou um casaco que era conjunto da calça de moletom que ela usava,
alcançou um óculos qualquer, só para ninguém ficar olhando seus olhos inchados
e avermelhados, pegou as chaves entrou no carro e deu a partida.
Não
demoraria nem três minutos, mas andar não era o que ela queria naquele momento.
No
mercado, tentou ficar despercebida, mas ela mesma sabia que isso seria
impossível. Era tão simpática e amável que todos que trabalhavam naquele
mercadinho a conhecia.
Na
seção de bebidas pegou quatro garrafas de vinho, era muito, mas ela não queria
voltar tão cedo. Depois, teve vontade de pegar os chocolates, mas... se conteve
ao máximo. Não precisava copiar os filmes, só o vinho estava ótimo.
-
Olá, Demi!
-
Oi. – Demi respondeu somente.
-
Como está? – porque todo mundo fazia a mesma pergunta?
-
Bem. – Demi pegou a sacola e saiu rápido do mercado antes que alguém a visse.
Entrou
em casa e pegou a taça, abriu uma garrafa e solveu um pouco de vinho na taça.
Bebeu numa golada só para matar a saudade e depois colocou mais um pouco e foi
para sala. Não tinha mais vontade de chorar, nem de ver tevê. De certo, o vinho
ajudou bastante. Ligou o som na radio de sempre e sentou no sofá com as pernas
sobre a mesa de centro e deitou a cabeça para trás. O som estava estupidamente
alto cantando uma música agitada. Ela não sabia quem eram os cantores, era uma
banda com certeza, e nem tinha ouvido a musica. Prestou a atenção na música
para poder se distrair, mas a música falava de sonhos e incertezas. E uma lágrima
resolveu descer.
Joe
estacionou o carro na frente da casa dela, ouvindo aquela música alta. Demi
devia estar péssima, pensou Joe.
Ele
tocou a campainha, mas o som estava muito alto, ela não ouviria e se ouvisse
não ia atender. Joe girou a maçaneta e a porta só estava encostada. Entrou e
viu só a cabeça ruiva de Demi deitada no sofá, aproximou-se devagar e viu o que
tinha em mãos, o vinho que tanto lutou para largar.
-
Demi. – Joe chamou, mas ela não ouviu. O som estava muito alto. Nem ele ouvia
sua voz.
Ele
se aproximou do som e o abaixou. Agora parecia sussurro. Demi olhou para Joe, mas
não assustou com a presença repentina dele.
-
O que houve, minha princesa? – ela sabia que não podia mentir, não para o Joe.
– Está tão triste... O que fizeram com você?- Joe sentou ao lado dela, e ela
deitou a cabeça em seu colo. Ele fez carinho sentindo-a soluçar.
Mesmo
negando a ajuda de todos e dizendo que estava bem, com Joe era diferente. Ele
era diferente, ele saberia e a ajudaria sem sentir pena.
-
Caroline me contou o que você presenciou hoje. – Demi levantou e olhou para
Joe. – Sabe que pode contar comigo sempre não sabe?
-
Sei. – foi a primeira vez que Joe ouviu aquela voz tão chorosa e sofrida. – Eu
não quero mais chorar, mas eu não consigo parar, Joe.
-
Se você desabar você consegue parar.
-
Não sei se eu consigo. Estou sentindo tanta coisa que ao mesmo tempo não sinto
nada. – Demi tomou o resto do vinho que estava na taça. – Parece que tudo
acabou, Joe. Era minha última esperança e se foi... Eu nasci para ficar sozinha.
Eu devo merecer isso. Esse é o meu destino, viver para sempre sozinha.
-
Não deve ser assim. Deve ter uma pessoa, mas vocês devem ter dificuldade para
se encontrar, mas um dia isso vai acontecer e vocês vão ser felizes.
-
A felicidade tem medo de mim, Joe. Quando eu tenho algo que pode me fazer
feliz, ela simplesmente vai embora sem se importar com o que eu sinto. – ela
respirou fundo. – Desde a minha adolescência, Joe. Aqueles garotos nunca
quiseram um compromisso serio, enquanto eu dava tudo de mim para dar certo e
depois que ele conseguiam o que queriam, iam embora. Acho que eu já sofri de
mais, sabe? Não sei porque não parei de tentar ainda.
- Não parou de tentar, porque você não perdeu
as esperanças e não vai perder.
-
Vou perder sim, Joe. Eu tenho trinta e cinco anos e meu período de fertilidade
está acabando. Até eu encontrar esse homem que você disse que está me
esperando... Já vai ser tarde de mais.
-
Você está assim, só porque não pode ter um filho? – Joe perguntou.
-
Sim, quer dizer, mais ou menos. Já conversamos sobre isso, Joe. Meu sonho é ter
uma família, ter filhos brincando no quintal da minha casa e ser feliz com meu
marido. Há essa altura, eu desisti. Não tem mais salvação para mim. Minha
ginecologista me disse que tenho pouco tempo. – uma lágrima caiu e Demi a
limpou. – Eu ia conversar com Wilmer e ia saber se ele gostaria de ter filhos,
iriamos tentar. Só que... ele nunca me deixava tocar nesse assunto. Sempre
dizia que era perda de tempo, pois já estávamos velhos para isso. – outra lágrima
rolava nos olhos dela. – Nem pensar em casar ele deve ter pensado.- e caiu mais
outras lagrimas acompanhadas. - Não estou chorando por ele, Joe. Estou chorando
por não conseguir ser feliz e fui ingênua o suficiente para qualquer homem
poder me enrolar, entende? – disse de repente. - Não sei mais se eu o amava.
-
Não diz isso. Você está confusa agora e com raiva dele. – Demi não disse nada,
concordando com o que ele dizia. – Ainda tem tempo para ter filhos, Demi. – ele
a abraçou.
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Oie, amores!
Espero que tenham gostado de " Amor Autêntico ". Escrevi com muito carinho e gostaria que registrassem o que acharam.
Posso contar com isso?
Amos vocês <3