Capítulo 26:

Não gostava de ficar sem falar com Joe, mesmo que ele a machucasse, ela sempre ficava de bem mais tarde. A briga mais feia foi por culpa de Wilmer. Demi o amava e estava tentando ser feliz, mesmo assim, não gostava de ficar sem conversar com Joe. Ou seja, Wilmer estava manipulando Demi.

- Eu perdoou você, Joe. Eu não devia ter te falado aquilo, mas era o que eu sentia. Desculpa.

- Não se desculpe, minha pequena. Eu estou errado. Eu prometi e quebrei a minha promessa. - Joe sem explicação beijou os lábios de Demi, mas já sabiam que era uma forma de carinho de amigos, era só um rolar dos lábios mesmo. Era estranho, eu sei... Mas era coisa deles.

- Joe, eu... Preciso de contar uma coisa.

- O que aconteceu? Já estou sabendo que Wilmer esteve aqui. Caroline me contou, acho que ela teve medo de ele fazer algo com você, mas depois ela disse que ele já tinha ido embora.

- Ela é muito atenciosa com todos. Mas não era sobre isso, Joe... É sobre Lucas. Hoje eu soube que o Lucas pode ter engravidado uma menina que é amiga das meninas.

- Está falando do meu Lucas, o meu filho de quinze anos? – Joe ficou visivelmente nervoso. Foi um choque ouvir Demi contando isso.

- Sim, Joe. Fique tranquilo, ele não sabia... Alias, nem imaginava que poderia ter engravidado. Nem a menina sabe se está gravida mesmo, é só uma possibilidade.

- Demi, eu conversei tanto com esse garoto. Com Caroline nem tanto, porque ela tem juízo, mas com Lucas eu conversava na boa. Dei até uma camisinha para ele... Como ele me faz uma coisa dessas? – Joe colocava a mão na cabeça bagunçando os cabelos de uma forma sensual, mas naquele momento nenhum dos dois estavam ligando para isso.

- Talvez, essa camisinha pode ter salvado seu filho de ser pai. Eles estão lá dentro aconselhei a pobre menina a contar ao Lucas, ele precisa levar um susto. Joe, - Demi apoiou a sua mão no rosto dele acariciando. – precisa ser forte, entrar lá e me ajudar. Está difícil para mim, eu já não sei mais o que fazer.

- Deixa eu me acalmar, se eu ver esse garoto eu vou...

- Não vai nada. Não agora, Joe. Espere tudo se ajeitar. Depois que descobrirmos o resultado, você pode falar o que quiser com ele, mas enquanto todos nós estamos nervosos o melhor é ajudá-los. Estão mais assustados que nós dois juntos, Joe, eles só têm quinze anos!

- É, você tem razão. – Joe respirou e inspirou. Demi o abraçou e ele retribuiu.

- Tem certeza que está preparado para entrar? – Demi perguntou notando o ar pesado que saia de Joseph.

- Sim. – ele disse sério, mas nem tão seguro assim.

- Eu comprei uns testes de farmácia. Eu sei que não são eficazes sempre, mas eu vou leva-la à um laboratório amanhã.

- E a mãe da menina?

- Joe, pelo que as meninas disseram, é melhor ela saber se Heloísa estiver mesmo grávida. Então, eu prefiro agir dessa maneira: escondido. Eu conheço uma pessoa que trabalha num consultório, eu vou ligar e pedir a ajuda dela, ela me deve um favor.

- Se está dizendo... Vamos entrar!

Alguns minutos mais tarde a cena parecia de um filme de hollywood: Lucas estava sentado no chão da porta do banheiro comum da casa de Demi, esperando a namorada sair de lá com o resultado do teste de farmácia, ele tinha as duas mãos no rosto e um papel ao lado. Ninguém dizia nada. Demi estava em pé perto da poltrona que Joe estava sentado, os dois apreensivos, ela até ruía as unhas da mão esquerda, enquanto Joe segurava a mão direita dela. Júlia, Anna e Caroline estavam no sofá maior, mas ninguém se falava. Todos encaravam a porta do banheiro. Joe colocou Demi sentada na perna esquerda dele enquanto ainda segurava a mão direita dela e colocando a outra mão dele livre em cima do joelho dela.

A porta abriu. Todos levantaram e encararam a menina.

- Lucas, quando está azul quer dizer o que? – Lucas suspirou, pois já tinha lido aquela espécie de bula umas duzentas vezes e já sabia o resultado. Olhou mais uma vez, só para ter certeza.

- Quer dizer, que... Deu positivo! – a menina abaixou a cabeça chorando e Lucas a abraçou, não chorou, pois queria ser a pessoa forte ao lado dela, mas estava muito nervoso.

Joe apertou mais firme a mão de Demi e ela retribuiu o gesto sem pensar. Caroline, Anna e Júlia sentaram de novo no sofá. Ninguém sabia exatamente o que fazer.

- Não vamos esquecer que é só um teste de farmácia, eles nem sempre são verdadeiros. – Carol disse tentando criar um clima melhor.

- É... Caroline tem razão. – Demi disse. – Não fica assim, meu bem.

O celular da menina tocou, era uma mensagem de sua mãe mandando-a ir embora. Demi combinou como faria para fazer o teste no consultório no dia seguinte.

- Meninas, eu tenho que passar no shopping ainda. Preciso comprar uma blusa para mim. – disse Anna.

- Nós vamos com você. – Júlia disse e levantou junto com Carol.

- Vou ao shopping, tá papai?- Joe assentiu e elas saíram.

- Eu vou levar Heloísa em casa – disse Lucas pagando na mão da namorada e saindo de casa.

- Será que eles não entenderam a gravidade da situação? – Joe perguntou alto.

- Eles sabem, só tem facilidade para pensar em outra coisa. – Demi disse estendendo o braço para dar um abraço em Joe.- Pensei que você ia chorar. – Joe riu.

- Não preciso de chorar. – Demi se desfez do abraço e sentou no sofá acompanhada por Joe. – Eu só preciso encher a cara e vou ficar melhor. – disse brincando.

- Ah, não vai mesmo! – Demi riu.

- É, eu não vou... – Joe levantou de repente do sofá Demi ficou olhando. – Já pensou que eu vou ser avô aos trinta e oito anos? Eu sou novo para ser avó e você também é nova para isso.

- Eu?

- É, você. Você é quase mãe deles, não pense que vai sair bem nessa não, querida.

- Não senhor, eu não sou mãe de ninguém! Infelizmente. – disse a última palavra baixinho.

- Já disse que sua hora está chegando, eu sei que está.

- Sabe? – Demi riu. – É capaz de Lucas ter um filho na minha frente.

- Não, Demi. Lucas não terá um filho, eu tenho certeza. Eu sei que não.

- Isso é o que quer acreditar.

- Eu quero ir nesse consultório com vocês amanhã.

- Ah, que bom que me lembrou! Vou ligar para minha amiga. – Demi se afastou com o celular.

Joe continuou ali na sala olhando cada pedaço daquele cômodo que lembrava a mulher ruiva do cômodo vizinho. Como gostava de Demi! Era algo sem explicação. Poderia passar a eternidade ao lado dela que seria maravilhoso. Na verdade, Joe sabia o que sentia, mas não conseguia dizer ou... Expressar isso. Até tentava, mas sempre se dava mal.

Demi voltou com o celular na mão.

- E então? – Joe perguntou.

- Tudo certo, a qualquer hora ela nos atende.

- Eu ainda estou magoado com o que eu fiz a você.

- Joe, fique calmo! Temos problemas maiores que esse para resolver.

- Eu sei, mas eu preciso falar sobre isso. Eu não estou conseguindo olhar para você.

- Se te faz melhor conversar sobre isso, vamos conversar. É melhor falar disso do que ficar pensando na outra situação. – Demi levou Joe até o sofá.

- Eu me sinto um cretino! – Joe disse levando as mãos ao rosto.

- Idiota sim, mas cretino não. – ela riu do homem.

- É sério, Demi, não ria. Olha, eu não sabia como estava se sentindo e... – Demi o interrompeu.

- Eu sei, Joe. A culpa também é minha, eu não fiz e nem demonstrei nada. Eu retribui, eu continuei, eu não pedi para parar...

- Mas quem a procurou fui eu.

- E eu aceitei! Joe, nós dois estávamos errados, não adianta negar. Temos a mesma parcela de culpa. Nós dois quisemos.

- Mas...

- “Mas” nada, Joe. Você é muito chato. – Demi disse brincalhona.

- Só você para me distrair. Fico feliz que tenha me contado sobre Lucas, Demi.

- Era o mais sensato a fazer. Sabia que Lucas não ia ficar chateado com isso e ele iria precisar de você.